quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O silêncio dos bons



Em 1964 no Brasil tivemos início à ditadura militar, época de dura supressão de direitos constitucionais, censura, falta de democracia, perseguição e repressão aos que eram contra o regime militar. A censura, por exemplo, foi um dos atos que teve maior repercussão ate os dias atuais, pois todas as publicações e obras eram obrigadas a verificação de um grupo de publicada. Sendo assim, o povo não queria se calar diante das atrocidades dos militares, mas são obrigados a se calarem, iniciando dessa maneira a era do silencio.

Porém, essa nova era não se desenvolveu apenas no Brasil, o mundo adquiriu o silencio como forma de fugir dos problemas e fingir que esta tudo bem, sendo que a realidade é diferente. De que adianta omitir os problemas se vamos acabar encontrando os novamente? Ou o nosso comportamento seria contrariar o mito da caverna de Platão? Já que este filósofo queria nos conscientizar da alienação e pressão que o mundo nos impõem, que deveríamos nos libertar do que nos foi imposto, isto implica que não deveríamos nos calar perante o mundo, e sim lutar pelo os nossos direitos.

O silêncio é tão comum, que até em casa temos exemplo da falta de dialogo e o medo que este pode impor sobre uma família. Como é exemplo do abuso sexual por parte do pai em filhas, em que na maioria das vezes ate a própria mãe sabe e não tem coragem de denunciar o marido, ou até mesmo à filha de denunciar o pai. Sem ressaltar, os inúmeros casos em que os pais colocam as filhas para se prostituir e o silêncio nesses casos é o melhor aliado para fugir do grave problema, já que ninguém quer enfrentar a realidade.

A questão do silêncio, de calar-se perante as injustiças do mundo, se repete todos os dias. Como queremos melhorar o mundo? Se a nossa mente é consumista ao extremo, pregamos apenas o consumo desenfreado. Perfeitos capitalistas, não? Como relata Padre Antonio Vieira em um de seus sermões, “os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos outros”. Sendo assim, a nossa ganância é tamanha que nos calamos diante do futuro da nossa nação.

Portanto, a injustiça não acaba de maneira simples. É preciso fazer muito para que ela termine. Já para que a injustiça continue, basta uma coisa: não fazer nada. Como referia Luther King “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons.” Neste caso, os bons são aqueles que têm medo de falar, medo de sofrer, o medo de ser criticado. Para vencer a injustiça é preciso vencer o medo.